A Folha de S. Paulo do último dia 10 destaca o texto que segue: “Um estudo que será publicado neste mês aponta que, quanto mais desenvolvido o país, maior o número de ateus. Para o autor Nigel Barber, portanto, chegará o dia em que quase todo o mundo vai se declarar sem religião. A mudança já estaria ocorrendo.
A pesquisa feita em 137 países mostra que, nas economias mais desenvolvidas, o número de descrentes é crescente. Na Suécia, por exemplo, o índice chega a 64% da população, seguida por Dinamarca (48%), França (44%) e Alemanha (42%). Na outra ponta, países da África sub-saariana têm menos de 1% de ateus. O autor aponta razões mercadológicas para a baixa das religiões. Segundo ele, as pessoas procuram as igrejas para se salvar de dificuldades e incertezas da vida. Hoje, profissionais como psicólogos e psiquiatras podem perfeitamente suprir essa lacuna.”
Divulguei tal estudo, com alguns comentários, no meu programa da Metrópole, e pude verificar a realidade da anunciada pesquisa. Claro que haveríamos de esperar por isso, por um motivo muito simples: as pessoas estão mais racionalizando o seu saber. Ora, vemos que as religiões, a grande maioria, inclusive a minha, já passaram da hora de evitar o discurso atemorizador, sem qualquer nexo racional, onde a pregação se baseia na fonte do toma lá dá cá, da barganha com as forças espirituais ou superiores da vida, como queiram.
A pregação dos tais “mistérios da fé” já não mais impressionam, não geram compromisso. As pessoas não querem mais saber do tal mundo de sofrimento, de dor, onde a humildade, a resignação, o aceitar tudo passivamente são senhas, credenciais para, depois da morte, alcançarem o mundo dos céus. As pessoas querem entender seus processos aqui e agora; querem consolo imediato. A agilidade da vida gerou a consequência de uma espécie de fé imediatista, para a resolução circunstancial do momento, não havendo mais paciência para o depois da morte.
Infelizmente, grande parte dos pregadores religiosos se encastelam em suas torres, muitas vezes de simuladores de emissários do Alto, missionários da redenção, que se esquecem de auferir o que buscam seus seguidores do século XXI. Esquecem-se de que o mundo tem novas demandas, que as pessoas não buscam mais as religiões como forma de encontro com Deus, com o Alto, mas como recurso de apaziguamento para as suas dores do momento. Alguns poderão dizer que sempre foi assim. De forma alguma! As buscas, muitas vezes, eram para o fazer as pazes, ou mesmo não gerar desagrados com o Alto. Quantos médiuns já me procuraram ao logo dos anos, pois “tinham que desenvolver a mediunidade para que a sua vida não se atrapalhasse, não desse para trás, ou eles não adoecessem”. Era a visão distorcida do servir, para ter sucesso, caminhos abertos. Hoje, o mote é entender, é responder as suas perguntas, é o encontro com o seu self.
Espero que as religiões acordem para essa realidade, principalmente a minha que ainda vive na pregação do século XIX, quando o Espiritismo chegou por aqui e se esqueceu de se modernizar.