Um amigo inglês, que conheci no Arthur Findlay College, na Inglaterra, me escreveu parabenizando porque o Brasil ultrapassou o Reino Unido e se tornou a 6ª maior economia do mundo, de acordo com dados do Centro de Economia e Pesquisa de Negócios (CEBR, na sigla em inglês).
No entanto, ele disse que não entendia como essa posição brasileira não refletia, por parte do governo, em apoio incondicional a instituições que mantinham abrigos para crianças, por exemplo, ou mesmo um sério trabalho para erradicação do turismo sexual que assola o Brasil. Sempre que estou por lá, há uma curiosidade muito grande em relação às questões associadas a desenvolvimento da educação, apoio a crianças, velhos. O estrangeiro, de um modo geral, não consegue entender como Salvador, ou mesmo a Bahia, já que falo das minhas vivências sociais daqui, não têm abrigos governamentais para crianças em situação de risco social ou mesmo para adoção e que os existentes eram, em geral, de iniciativa filantrópicas, e por que não contamos com o apoio preciso, pronto dos governantes, pois tudo sempre é muito difícil para se conseguir junto a essas instâncias.
Os nossos governantes ainda pensam que ajudar as instituições que prestam serviços sociais é um favor. Ainda não há a conscientização dos eleitos por nós da sua obrigação, que não seja a ditada pelo interesse eleitoreiro. Infelizmente, também, alguns dirigentes filantrópicos alimentam esta postura, não reagindo, ficando na sombra do receio de retaliação e do medo de se perder o pouco que ganham.
Foi, então, que respondi a ele dizendo que, apesar dessa posição, o Brasil, no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), foi classificado na 84ª posição entre 187 países avaliados pelo índice, ficando atrás do Chile, 44ª; Argentina, 45ª; Uruguai, 48ª e mesmo de Cuba, 51ª, mas que alguns segmentos, principalmente o político, estavam orgulhosos com isso e eu pensava que o povo também. Esse meu amigo me respondeu ao e-mail simplesmente com duas palavras: “Silly people” – povo bobo.