Este país realmente é difícil de se entender, e quem muito pensa, ele leva ao delírio, crendo que se vive em alguma Saramandaia (novela de Dias Gomes) da vida. Vejamos: a presidente Dilma Rousseff se encontra às turras com o PMDB, em um tal de acomoda aqui, concede ali, uma negociação sem fim às escancaras, a fim de não perder o apoio desse partido para a sua reeleição. Naturalmente, é um jogo do toma lá, dá cá, sem qualquer prurido de constrangimento, ou mesmo de insinuações. É tudo muito aberto e sem rodeios.
Por outro lado, apenas para citar um exemplo, através da portaria nº 783, expedida no último dia 10 passado, a Receita Federal suspendeu as doações, para instituições sociais, de todas as mercadorias apreendidas pelo órgão. Essa medida é válida até o dia 31 de dezembro de 2014. A justificativa é de que se trata de ano de eleições, para evitar, digamos, negociação com fundo eleitoral. Entendeu?
As instituições, coitadas, de um modo geral - não falo daquelas que são apaniguadas com milhões de reais do governo - lembram da ONG Pierre Bourdier? -, pois bem, as sérias vivem em uma luta permanente por recursos, passando literalmente a cuia, e quando surge esse programa da Receita Federal, auxiliando as instituições com apreensões, é um refresco em meio a tantas lutas e dificuldades. Mas, para evitar - repito - negociações com fins eleitoreiros, suspende. Todavia, uma pergunta fica no ar: o que será feito, então, com essas apreensões? Incineradas, maceradas por tratores?
Lá atrás, as doações às instituições realmente sociais eram dedutíveis do imposto de renda. Verdade, havia muita maracutaia. Em vez, no entanto, de se aprimorarem mecanismos de controle, suspende-se, susta-se, cria-se um fundo da prefeitura com gerenciamento político, logo... Ou seja, você não doa mais à instituição do seu interesse, mas sim a um fundo. Assim, vamos vivendo à mercê da lógica insana dos políticos e com seus malabares, naturalmente em interesses pessoais e de grupos, claro.