É sabido que a empresa Adidas lançou uma linha de camisetas para a copa com apelo sexual em suas estampas. Houve uma gritaria geral, a presidente Dilma protestou em rede social, a Embratur foi categórica: "O governo brasileiro discorda dessa linha de produtos, não aceitamos o turismo sexual. Claro que as pessoas podem namorar durante a Copa, mas não queremos uma mercantilização disso.".
Tudo bem, claro, mas, honestamente, a questão, entendo, passa e muito pela hipocrisia da nossa sociedade. Não foi uma, nem duas as vezes que, em viagem doutrinária pelo exterior, pude assistir à comercial oficial de turismo brasileiro com cenas de sambistas quase nuas requebrando, de banhistas de igual forma física dando mergulhos em praias brasileiras, à semelhança de golfinhos, principalmente as do Rio de Janeiro, deixando claro que, por aqui, essas mulheres estonteantes e seminuas fazem parte da paisagem dessas terras brasilis.
Não podemos, claro, aceitar a mercantilização humana, como produto de exportação brasileira, seja em avenidas de samba ou em areia quente de praias, mas para isso acontecer temos que nos educar e começar a fazer um trabalho de valorização nacional além de bum-buns e pernas que jogam futebol. Mas o que se dá é o cultivo, como apelo mesmo, já que não existem políticas púbicas direcionadas a um processo de mudança de foco dos reais valores que temos. O Brasil não sabe, mas a cientista Tahisa Bermann descobriu um disco nuclear em uma galáxia que ajudou a entender o funcionamento dos buracos negros; Mayana Zatz descobriu a enzima responsável por um tipo de distrofia muscular; Miguel Nicolelis, foi eleito pela revista "Scientific American" um dos 20 cientistas mais influentes do mundo, pois é.
O fato é que o brasileiro vive em uma sociedade hipócrita, onde se finge, inclusive, virtude que não se tem e só pensa em resolver algum problema que se sente incomodado de perto. E falar disso tudo é chato... gostamos da superficialidade das questões.