Na última quinta-feira, o Ministério Público da Bahia convocou para uma reunião membros do estado, município e da rede de abrigo de Salvador para discutirem as pendências e dificuldades envolvendo essa área tão necessária, e, ao mesmo tempo, tão negligenciada, desrespeitada e assacada pelos poderes públicos. Os técnicos sempre muito comprometidos são pressionados, e relatam as dificuldades com os seus pares para terem sensibilidade com os abrigos, não deixando atrasar pagamento e buscando facilitar as liberações devidas. Afirmaram da luta que travam, quase sempre em vão.
Não é para menos, há notícias de que o secretário da Fazendo do município, Sr. Mauro Ricardo, contingenciou 60% das verbas da assistência social de Salvador, inclusive as partes que foram repassadas pelo estado e união, ou seja, bloqueou o dinheiro que não é do município, muito menos dele.
A renda per capita assumida pelo município por criança abrigada é de R$ 187,75, por mês, perfazendo em torno de um gasto anual de R$1.172.000,00 com toda a rede, e, mesmo com esse valor, é tudo tão complicado. Agora você, caro leitor, veja que esse mesmo senhor, o secretário da Fazenda, para o programa Nota Salvador, com custos de R$ 10,2 milhões, contratou uma empresa de S. Paulo para operacionar as emissões de notas ficais eletrônicas, sem concorrência, com dispensa de licitação, ou seja, ele escolheu com critérios deles e os cofres foram abertos. Já para o trabalho com vidas em situação de risco social, ou mesmo em abandono, se tranca tudo.
Os poderes brincam, abusam e desrespeitam porque sabem que os envolvidos nesse trabalho o fazem por amor, por ideal e competência. Mas se, por ventura, os poderes públicos acharem que fariam melhor com os mesmos míseros valores, que fiquem à vontade, vão em frente e realizem. Necessário, por outro lado, que os gestores públicos entendam que os brados e reivindicações não nascem de pedido de favor, mas de cumprimento de leis, de cumprimento de obrigação.