A jornalista Lara Risério levanta no InfoMoney a perplexidade que está gerando na imprensa internacional a apatia do povo brasileiro ao não participar de grandes manifestações contra o impopular e quase no chão governo de Michel Temer, que em pesquisa da Ipsos, da última quinta-feira (29), afirma que o seu índice de aprovação chegou a 2%.
O americano The Wall Street Journal aponta algumas hipóteses, afirmando que o povo brasileiro está cansado desta instabilidade política; o Süddeutsche Zaitung, da Alemanha, aventa que “há uma sensação em muitos de que, se expulsarem um charlatão, outro virá para o lugar dele”; a revista britânica The Economist afirma que os brasileiros “estão cansados de protestar”.
A verdade, no entanto, é que o presidente Temer está nadando de braçadas com este imobilismo, fazendo com que os seus discursos, ora inflamados, ora sem nexo só sirvam paraasua base aliada, visto que não há quem o possa defender nas ruas. Causa-me, no entanto, espécie ver a canina lealdade de parlamentares, inclusive baianos, a um governo que tem como premissa a mistificação e o compromisso de empreender reformas que atingirão diretamente o povo, sem com que ele, em sua esmagadora maioria, tenha concordado ou querido nada disto.
É certo que questões precisam ser mudadas, atualizadas tanto na CLT quanto na Previdência Social, mas daí fazer correr um rolo-compressor, sem qualquer piedade contra o trabalhador, é revoltante. Principalmente quando milhões de reais são liberados em emendas parlamentares; juros, multas de dívidas de empresas e governos perdoados, fazem-nos ter a certeza de que, de fato, esses senhores agem com o erário como se fosse uma poupança, um investimento pessoal, que pode lançar mão para o que achar melhor.
Ao lado de tudo isto ainda vemos atentado contra nossa capacidade de compreensão, quando, por exemplo, advogados de Michel Temer (PMDB), Dilma Rousseff (PT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Aécio Neves (PSDB) articulam o lançamento de um manifesto paraoquestionamento da atuação da Justiça e do Ministério Público. Ora, ora, a isso só o reforço da certeza de que, quando há interesses comuns, eles se associam e se tornam aliados. São os tais negócios da
política brasileira. É o velho os iguais se atraem.
Tudo já está sendo orquestrado pelas redes sociais, em críticas sistemáticas à OAB e à atuação dos poderes públicos, em geral. Em verdade dezenas de parlamentares não apenas querem barrar as denúncias contra Temer, mas levar uma pessoal derrota ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O voto não será cabalado a favor de Temer, mas contra o procurador-geral, porque dezenas deles estão na mesma situação de denunciados.
José Medrado
Mestre em Família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz